20 de outubro de 1992: EROTICA é posto a venda. Álbum conceitual que explora o sexo e tudo que o envolve, Madonna apresenta influências de jazz, hip-hop, club music. Me pergunto como que demorei tanto pra descobrir o EROTICA, o que possivelmente responde esse questionamento é que o EROTICA é o álbum menos valorizado da rainha do pop. Não só pelo fato de explorar sexo abertamente, falar de sexo oral, homossexualidade e safadezas sexuais em geral, mas também pelo fato de ser o tipo de álbum que entra em campos nunca explorados de forma tão explícita em um meio mainstream, decididamente: medo do novo. E é a mesma “novofobia” que trouxe críticas tão duras ao EROTICA, o citaram como vazio e luxurioso. Discordo. O quinto de Madonna define sexo como transgressão (ela que ensinou!), e é isso que ela quis demonstrar. As amarras da época pós-surgimento da AIDS precisavam de alguém que as rompessem. Erotica incentiva (ou liberta) o despir-se, deitar na cama, aproveitar cada polegada e retirar todo o prazer sexual possível de tudo isso, sem, claro, sofrer.
Além de pregar o “do it”, Madonna explora nas letras, com auxílio de André Betts e Shep Pettibone, a liberdade de sair de relações, a covardia masculina. Incrível que no disco inteiro não há música que conecte o amor romântico ao sexo, notável! Mais um “ensinamento”: desatar o sexo do amor e vice-versa, colocar no lugar de amor, prazer físico e satisfação (E não, não o sexo que você se sente vazio após fazer, e sim o sexo que você fica suado, extasiado, respirando ofegante).
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No aspecto musical propriamente dito, Madonna inova (ha, me conte uma novidade senhor escritor de resenhas)! Erotica foi considerado pela Rolling Stones, atualmente, como o ápice da sofisticação e melhor trabalho de Madonna (superando grandes como True Blue e Like a Virgin). Junto a crítica dividida e a sofisticação musical, o álbum, acompanhado do livro “Sex” lançado ao mesmo tempo, não começou muito bem suas vendas na época (mais uma prova de como o EROTICA é underrated). Porém, após um tempo para que o público fizesse a “digestão” do álbum, o single “EROTICA” atingiu o terceiro lugar de vendas nos EUA e no Reino Unido.
Toda a publicidade do álbum envolvia, obviamente, sexo e seus imaginários: o livro já citado, cards promocionais com fotos de Madonna incorporando uma dominatrix chamada Dita citada na homônima primeira faixa do disco, música a qual tem um clipe muito interessante: Madonna com toques BDSM (sigla para bondage & sadomasoquismo, sendo que bondage é um fetiche por amordação e tudo que envolve imobilização durante o sexo e sadomasoquismo tange o prazer sexual que vem através da dor durante o ato), fazendo tudo que tem direito com tudo (sim!) e todos.
“BAD GIRL”
alcançou o trigésimo sexto lugar no Billboard Hot 100, música mais "triste" do álbum.
“FEVER”,
cover da música de Eddie Cooley e Otis Blackwell, linda versão! Madonna faz muito bem quando canta “what a lovely way to burn...”, escalou as tabelas e chegou ao sexto lugar no Reino Unido.
“RAIN”,
música dita como metáfora à ejaculação, é uma das músicas com ritmo mais comportado do álbum, desacredito a alusão ao orgasmo masculino, RAIN muito mais demonstra uma música sobre limpar-se das dores e sofrimentos, ao invés do da comparação já mencionada. (catorze no Billboard Hot 100).
Por fim, “BYE BYE BABY”,
lançado exclusivamente na Austrália, Japão, Alemanha e Nova Zelândia, é o tipo de música que gruda nos ouvidos, “Bye bye baby bye bye / It's your turn to cry / This time we have to say goodbye / So say goodbye”. #15, #43, #15 respectivamente, na Austrália, Nova Zelândia e Japão.
Outras faixas indispensáveis são: Thief Of Hearts em que Madonna age como uma mulher numa posição dominante, e diz, no finzinho da música após quebrar uma garrafa: “STOP BITCH! Sit your ass down!”, Waiting em que ela envoca uma aura altamente sexual com a estrutura musical da faixa e fala versos super debochados e inesquecíveis como “Next time you wanna pussy, baby, ha, just look in the mirror, baby!”. Muito interessante a forma como ela usa duas aplicações da palavra PUSSY, como bo**** e como “tolo”, “covarde”.
Fato: não ouça perto de seus pais. Fato²: Em vinil é ainda mais... digamos... “gostoso”, pelo ritual que o vinil implica. Fato³: Se segure pra não babar no encarte, é simplesmente lindo e demonstra compulsivamente o conceito do álbum, tem até Madonna amordaçada. Ha! Ótima a velha, não se cansa do basfond, nunca.
(DOWNLOAD EROTICA HERE)
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