Dissecando o Volta, Björk.
Dissecação do novo álbum da Björk. Leia e faça download do álbum!
(by novo)
Revisando o fluxo de albuns da Björk encontramos de tudo, menos constância. Sim. Imprevisilibidade é o nome de noite da Björk. E quanto mais idealizamos um novo álbum, mais nos vemos enganados quanto ao resultado final. Quem imaginaria que Medúlla (álbum em que Björk explorou, apenas, seu melhor e mais treinado instrumento: a voz) foi o que foi? Voz como fosse mil instrumentos. Minimalismo às avessas (ao contrário de Vespertine, o qual foi minimalismo real acrescido de celestialidade). Dou o braço a torcer quanto os inegáveis dance hits que vieram do Debut, por exemplo, ou Björk sofomêra em Post: promíscuo em colaborações porém muito sincero, como diz Björk definindo seu segundo álbum enquanto se refere ao Volta. Seu novo álbum, segundo ela em entrevista para a Dummy Magazine, pode ser designado em várias percepções como Post II.
Esse novo álbum representado na capa, com uma estátua do artista plástico Bernhard Willhelm, por uma mãe natureza eletrônica, lida com: natureza, política, terrorismo, amor passional, amor materno, liberdade, medo, isolamento, mitologia. Pois se em Debut tivemos eletrônica, em Post, mais eletrônica, em Homogenic, lava beat, em Selmasongs, melancolia, em Vespertine, microbeats, em Medúlla, vozes, e em DR9, experimentalismo, em Volta, por final, temos trompetas, tubas, buzinas, trompas: uma seção de 10 peças metálicas de sopro. Muito barulho, no bom sentido.
Cada álbum da Björk não é apenas uma obra prima musical, a Islandesa sempre nos dá ótimos colírios, encartes quase vivos que refletem muito bem a música do disco. Além do encarte, todo álbum é tratado - fotos e vídeos - com características bem específicas e diferentes de seus antecessores. Para relembrar: no Debut, Björk ganhou o apelido de pixie (elfa) por causa do estilo das caras e bocas e do peculiar cabelo (aqueles dois coques pequenos em cada lado da cabeça), no Post, Björk volta com uma imagem mais forte, mais delineada como alguém que veio pra ficar, Homogenic trouxe a Björk eletrônica, capa, encartes e fotos que demonstram bem os sentimentos intensos do CD. Vespertine a aura gelada, fotos e encartes dignos de Cruz e Souza: brancos, alvos, celestes. Medúlla veio com um tom negro, preto como nanquim, preto como cabelo, levando o ouvinte para a parte mais interna do ser humano, fisicamente. DR9 com os típicos experimentalismos de Matthew Barney. E finalmente Volta com o tema pagão, tribo humana, cheio de cores vibrantes.
O que mais se destaca no tratamento gráfico do Volta são as cores, definitivamente. A forte presença do vermelho como cor principal do álbum concede um clima de turbilhão, alternância aleatória. Björk nos traz - segundo suas próprias definições - com a estátua da capa uma imagem de uma deusa eletrônica gaia que volta para a Terra com a intenção de fazer justiça. As fotos e o fogo do encarte foram trabalho da dupla já conhecida dentro das criações de Björk, Inez Van Lamsweerde & Vinoodh Matadin – tudo isso direcionado pela equipe de design da M/M Paris que também foram os responsáveis pela arte do Vespertine e do Medúlla.
Miss Björk desde o começo estatizou que queria um álbum robusto, para quebrar o ritmo dos albuns sérios que criou desde a época pós-Homogenic. Junto à música descontraída (Björk tentou focar em percurssão essa vez, segundo disse à Pitchfork) soma-se um imaginário potente, complexo em suas composições musicais, denso e alegre. Alegres também, as maquiagens usadas pela Björk no photoshot do encarte, inspiradas da obra de Antje Majewski, ah, a roupa de crochê utilizada no mesmo shot foi feita pela ILC (Iceland Love Corporation), uma corporação islandesa direcionada à arte, produz desde música até trabalhos em tecido.
Show a parte é a caixa do CD, fruto da direção de arte alternativa. Um digipak refinadíssimo - apesar da dificuldade de abrir devido a um adesivo da estátua - em vermelho rubro flamejante. Quando você abre o digipak dá de cara com V de Volta e Miss B olhando nos olhos (isso na edição regular), então levanta-se o V e o CD está alí, dentro dessa caixa rubi. O encarte quilométrico merece destaque, V O L T A, cada letra, em fogo, acompanhadas de uma foto por letra. Já na edição limitada a caixinha tem um simbolismo retirado de Wanderlust (segunda faixa do álbum): “peel off the layers until you get into the core” diz a música. Há vários envelopes coloridos, um dentro do outro, em que no último está o CD, logo, vai-se tirando as camadas até que se chegue ao núcelo (a música, cd em si). A edição limitada contém além do álbum CD convencional, um DVD com a obra masterizada em 5.1 DTS/DD.
EI é caótica, define B. Ao mesmo tempo em que é uma música super animada, envoca também um dos temas pontuais do álbum: um estatuto contra a religião. Primeira música feita com Timbaland (com forte colaboração de Konono No1 – uma banda africana que usa instrumentos eletrônicos feitos por eles mesmos, no caso de EI temos a presença de um pianinho de dedo que cria um som bem característico e divertido), EI surgiu rapidamente dentro do estúdio já que Björk recebeu a inspiração para a música durante um sonho. Foi apenas a materialização dos pensamentos de uma mente poderosa. Single de Volta, infelizmente só lançado digitalmente. O clipe da música foi dirigido por Michel Ocelot, desenhista/animador francês que produz cartoons, geralmente contos de fadas e desenhos fantasiosos em geral. Dentro da arte de Ocelot há um personagem chamado Kirikou, o qual B pediu que fosse retratado adulto no vídeo da música. No vídeo promocional, Björk aparece em CGI (computadorizada) em uma silhueta invertida enquanto homens tribais dançam/andam por um terreno, usam bazucas, destroem coisas, refletindo o clima da música. Atingiu #67 de compras no Itunes.
Um hino à mudança de vida, um hino vindo de outro sonho de Björk. Segundo ela, o refrão veio através desse meio místico-sonolento. Wanderlust tem uma das composições com peças de metais mais belas, sofisticadas e complexas que já ouvi, imitando até sons de navio. Björk usa código morse, dessa vez com significado – em Pagan Poetry (Vespertine), B também usou morse, porém sem significado – durante a música ouve-se, às vezes, “WANDERLUST” em código morse e mais ao fim ouvimos um arranjo muito belo com os metais, tal arranjo soando, também, como morse. Uma obra de arte com muita, muita eletrônica clássica da Björk – não posso deixar de citar o novo instrumento usado na turnê e no álbum, o Reactable (foto), uma mesa sensível ao toque de pequenas peças que criam sons eletrônicos.
Ah, DFOD é simplesmente uma das baladas mais românticas e lindas que já ouvi, dueto construído com Antony Hegarty (foto) (Com sua banda parcialmente homônima “Antony & The Johnsons”, é ganhador do Mercury por seu álbum: “I Am a Bird Now”). Dull Flame começa como um musical épico e vai subindo de nível até que as vozes de Björk e Antony tornam-se uníssonas. A letra, por outro lado, não é uma composição de Björk, foi extraída de um poema de Fyodor Tyutchev (poeta russo) que B viu no filme “Stalker” de Andrei Tarkovsky, logo, traduziu e adaptou. A linha sonora dos metais também é o destaque dessa música, com formações bem clássicas e simples, porém de fazer a caixa toráxica ressonar aos graves da tuba.
Um hit! Dançante até dizer chega! Outra faixa que conta com as batidas criadas por Timbaland, uma das músicas mais pop do disco. Innocence foi o centro das atenções durante um concurso que Björk promoveu para que os fãs criassem um clipe para a música. Single prestes a ser lançado, dia 23 deste mês - capa ao lado. Fala sobre medo/coragem, de como um pode levar ao outro.
Passional, assim que gosto de definir essa composição com ares orientais reminescentes das experiências não-ocidentais de Björk em Drawing Restraint 9. Com a colaboração de Min Xiao-Fen tocando Pípá (foto), instrumento de cordas chinês diferente, parece um violão, porém com o corpo mais circular e bem maior. Uma balada com versos bem marcantes: “when you and I have / become corpses / let's celebrate now / all this flesh on our bones”
Chega a dar medo os gritos e o ritmo militar da música! Björk comentou à Rádio XFM que VbV tem a ver com “a mãe natureza RETORNA”, uma parte feminina da natureza. Björk comenta que disseram a ela sobre quando se tem um filho do mesmo sexo e um portão se abre, e como de repente ela começa a entender sua mãe, sua vó, suas antepassadas. Björk cita também a demonstração de medo e tentativa de controla da natureza por parte das religões (e de certa forma, a natureza feminina), “O ano tem treze luas cheias, e as mulheres menstruam também treze vezes, então fez-se os anos com doze meses. Então fica naquela coisa de ‘esse ano fevereiro tem 28 ou 29 dias?’. Você sempre acaba precisando calcular e se complicar, por que não ter 13 meses com 28 dias? É essa teimosia das religiões organizadas de ‘Ok, nos controlamos, não somos parte da natureza, somos cristãos.’ Cristãos, judeus, muçulmanos, qualquer tipo! (...)Vivo num flat em NY e no prédio não há 13º andar! Daí me pergunto, eles estão com tanto medo da natureza assim?! Sexta-feira Treze e a natureza vira um filme de terror, parece! Essa música é basicamente sobre a mãe natureza acordando e indo com um giz riscar em todos os prédios o 14º e colocar um 13º no lugar.” Ah! VbV usa um sample de “Hunter Vessel” do álbum Drawing Restraint 9, antecedente de Volta.
Inspirada por uma personagem de “O Labirinto de Pan” e isolada por uma pneumonia que durou duas semanas, Björk escreve uma melodia auto-reflexiva, de Björk para Björk, sobre o isolamento que ela se submeteu algumas vezes (incluindo o causado pela doença), sobre “todos os momentos em que devia ter abraçado / todos os momentos em que não devia ter se fechado”. Música construída apenas com trompas (foto), lenta, voz se sobrepondo ao metal. Melancólica e lapidada.
Björk entra num ramo não muito explorado em suas músicas, o de cunho sócio-político. Hope trata de balançar diferentes tipos de ‘males’ relacionados ao terrorismo. Ponderando entre mulheres bombas grávidas e não grávidas. Música que gerou um pouco de polêmica no fórum oficial (4um.bjork.com) devido ao tema. Aqui vemos, ao invés de uma orientalidade já vista em I See Who You Are, uma ‘africanidade’, o kora, um instrumento de 21 cordas bem típico do oeste africano, tocado, no álbum, por Toumani Diabaté (foto).
Música com sonoridade semelhante a essa só tivemos em 1997, com Pluto, em Homogenic. Agora Björk nos dá um griteiro só, eletrônica pesada clamando por independência! Feita em dedicação aos habitantes das Ilhas Feroé, pois o país está como colônia ainda! Björk disse que essa música tem dois sentidos, o social e o cômico, social ao que tange pátrias, descolonização, e cômico quando alguém decide “declarar independência” própria, por que, imaginem gritar “DECLARE INDEPENDENCE! DON’T LET THEM DO THAT TO YOU!” é um tanto radical para declarar emancipação pessoal. Foi escolhida como single subseqüente a Innocence.
O segundo dueto de Björk com Antony, música bem calma dedicada ao filho de Björk. Porém, com umas das letras mais passionais que já ouvi, facilmente se encaixa em corações apaixonados! Fechamento muito bonito do álbum, com uma linha musical bem simples e as vozes de B e Antony, novamente, quase uníssonas!
"Dissecando o Volta, Björk" is licensed under a
Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 3.0 License.
(by novo)
“I love to sing in the wind, in the rain, during a storm, at sea, on a lava flow... me against the elements.” (“Amo cantar ao vento, na chuva, durante uma tempestade, no mar, num córrego de lava… eu contra os elementos.”)
- Björk.
- Björk.
Revisando o fluxo de albuns da Björk encontramos de tudo, menos constância. Sim. Imprevisilibidade é o nome de noite da Björk. E quanto mais idealizamos um novo álbum, mais nos vemos enganados quanto ao resultado final. Quem imaginaria que Medúlla (álbum em que Björk explorou, apenas, seu melhor e mais treinado instrumento: a voz) foi o que foi? Voz como fosse mil instrumentos. Minimalismo às avessas (ao contrário de Vespertine, o qual foi minimalismo real acrescido de celestialidade). Dou o braço a torcer quanto os inegáveis dance hits que vieram do Debut, por exemplo, ou Björk sofomêra em Post: promíscuo em colaborações porém muito sincero, como diz Björk definindo seu segundo álbum enquanto se refere ao Volta. Seu novo álbum, segundo ela em entrevista para a Dummy Magazine, pode ser designado em várias percepções como Post II.
Esse novo álbum representado na capa, com uma estátua do artista plástico Bernhard Willhelm, por uma mãe natureza eletrônica, lida com: natureza, política, terrorismo, amor passional, amor materno, liberdade, medo, isolamento, mitologia. Pois se em Debut tivemos eletrônica, em Post, mais eletrônica, em Homogenic, lava beat, em Selmasongs, melancolia, em Vespertine, microbeats, em Medúlla, vozes, e em DR9, experimentalismo, em Volta, por final, temos trompetas, tubas, buzinas, trompas: uma seção de 10 peças metálicas de sopro. Muito barulho, no bom sentido.
Cada álbum da Björk não é apenas uma obra prima musical, a Islandesa sempre nos dá ótimos colírios, encartes quase vivos que refletem muito bem a música do disco. Além do encarte, todo álbum é tratado - fotos e vídeos - com características bem específicas e diferentes de seus antecessores. Para relembrar: no Debut, Björk ganhou o apelido de pixie (elfa) por causa do estilo das caras e bocas e do peculiar cabelo (aqueles dois coques pequenos em cada lado da cabeça), no Post, Björk volta com uma imagem mais forte, mais delineada como alguém que veio pra ficar, Homogenic trouxe a Björk eletrônica, capa, encartes e fotos que demonstram bem os sentimentos intensos do CD. Vespertine a aura gelada, fotos e encartes dignos de Cruz e Souza: brancos, alvos, celestes. Medúlla veio com um tom negro, preto como nanquim, preto como cabelo, levando o ouvinte para a parte mais interna do ser humano, fisicamente. DR9 com os típicos experimentalismos de Matthew Barney. E finalmente Volta com o tema pagão, tribo humana, cheio de cores vibrantes.
O que mais se destaca no tratamento gráfico do Volta são as cores, definitivamente. A forte presença do vermelho como cor principal do álbum concede um clima de turbilhão, alternância aleatória. Björk nos traz - segundo suas próprias definições - com a estátua da capa uma imagem de uma deusa eletrônica gaia que volta para a Terra com a intenção de fazer justiça. As fotos e o fogo do encarte foram trabalho da dupla já conhecida dentro das criações de Björk, Inez Van Lamsweerde & Vinoodh Matadin – tudo isso direcionado pela equipe de design da M/M Paris que também foram os responsáveis pela arte do Vespertine e do Medúlla.
Miss Björk desde o começo estatizou que queria um álbum robusto, para quebrar o ritmo dos albuns sérios que criou desde a época pós-Homogenic. Junto à música descontraída (Björk tentou focar em percurssão essa vez, segundo disse à Pitchfork) soma-se um imaginário potente, complexo em suas composições musicais, denso e alegre. Alegres também, as maquiagens usadas pela Björk no photoshot do encarte, inspiradas da obra de Antje Majewski, ah, a roupa de crochê utilizada no mesmo shot foi feita pela ILC (Iceland Love Corporation), uma corporação islandesa direcionada à arte, produz desde música até trabalhos em tecido.
Show a parte é a caixa do CD, fruto da direção de arte alternativa. Um digipak refinadíssimo - apesar da dificuldade de abrir devido a um adesivo da estátua - em vermelho rubro flamejante. Quando você abre o digipak dá de cara com V de Volta e Miss B olhando nos olhos (isso na edição regular), então levanta-se o V e o CD está alí, dentro dessa caixa rubi. O encarte quilométrico merece destaque, V O L T A, cada letra, em fogo, acompanhadas de uma foto por letra. Já na edição limitada a caixinha tem um simbolismo retirado de Wanderlust (segunda faixa do álbum): “peel off the layers until you get into the core” diz a música. Há vários envelopes coloridos, um dentro do outro, em que no último está o CD, logo, vai-se tirando as camadas até que se chegue ao núcelo (a música, cd em si). A edição limitada contém além do álbum CD convencional, um DVD com a obra masterizada em 5.1 DTS/DD.
EI é caótica, define B. Ao mesmo tempo em que é uma música super animada, envoca também um dos temas pontuais do álbum: um estatuto contra a religião. Primeira música feita com Timbaland (com forte colaboração de Konono No1 – uma banda africana que usa instrumentos eletrônicos feitos por eles mesmos, no caso de EI temos a presença de um pianinho de dedo que cria um som bem característico e divertido), EI surgiu rapidamente dentro do estúdio já que Björk recebeu a inspiração para a música durante um sonho. Foi apenas a materialização dos pensamentos de uma mente poderosa. Single de Volta, infelizmente só lançado digitalmente. O clipe da música foi dirigido por Michel Ocelot, desenhista/animador francês que produz cartoons, geralmente contos de fadas e desenhos fantasiosos em geral. Dentro da arte de Ocelot há um personagem chamado Kirikou, o qual B pediu que fosse retratado adulto no vídeo da música. No vídeo promocional, Björk aparece em CGI (computadorizada) em uma silhueta invertida enquanto homens tribais dançam/andam por um terreno, usam bazucas, destroem coisas, refletindo o clima da música. Atingiu #67 de compras no Itunes.
Um hino à mudança de vida, um hino vindo de outro sonho de Björk. Segundo ela, o refrão veio através desse meio místico-sonolento. Wanderlust tem uma das composições com peças de metais mais belas, sofisticadas e complexas que já ouvi, imitando até sons de navio. Björk usa código morse, dessa vez com significado – em Pagan Poetry (Vespertine), B também usou morse, porém sem significado – durante a música ouve-se, às vezes, “WANDERLUST” em código morse e mais ao fim ouvimos um arranjo muito belo com os metais, tal arranjo soando, também, como morse. Uma obra de arte com muita, muita eletrônica clássica da Björk – não posso deixar de citar o novo instrumento usado na turnê e no álbum, o Reactable (foto), uma mesa sensível ao toque de pequenas peças que criam sons eletrônicos.
Ah, DFOD é simplesmente uma das baladas mais românticas e lindas que já ouvi, dueto construído com Antony Hegarty (foto) (Com sua banda parcialmente homônima “Antony & The Johnsons”, é ganhador do Mercury por seu álbum: “I Am a Bird Now”). Dull Flame começa como um musical épico e vai subindo de nível até que as vozes de Björk e Antony tornam-se uníssonas. A letra, por outro lado, não é uma composição de Björk, foi extraída de um poema de Fyodor Tyutchev (poeta russo) que B viu no filme “Stalker” de Andrei Tarkovsky, logo, traduziu e adaptou. A linha sonora dos metais também é o destaque dessa música, com formações bem clássicas e simples, porém de fazer a caixa toráxica ressonar aos graves da tuba.
Um hit! Dançante até dizer chega! Outra faixa que conta com as batidas criadas por Timbaland, uma das músicas mais pop do disco. Innocence foi o centro das atenções durante um concurso que Björk promoveu para que os fãs criassem um clipe para a música. Single prestes a ser lançado, dia 23 deste mês - capa ao lado. Fala sobre medo/coragem, de como um pode levar ao outro.
Passional, assim que gosto de definir essa composição com ares orientais reminescentes das experiências não-ocidentais de Björk em Drawing Restraint 9. Com a colaboração de Min Xiao-Fen tocando Pípá (foto), instrumento de cordas chinês diferente, parece um violão, porém com o corpo mais circular e bem maior. Uma balada com versos bem marcantes: “when you and I have / become corpses / let's celebrate now / all this flesh on our bones”
Chega a dar medo os gritos e o ritmo militar da música! Björk comentou à Rádio XFM que VbV tem a ver com “a mãe natureza RETORNA”, uma parte feminina da natureza. Björk comenta que disseram a ela sobre quando se tem um filho do mesmo sexo e um portão se abre, e como de repente ela começa a entender sua mãe, sua vó, suas antepassadas. Björk cita também a demonstração de medo e tentativa de controla da natureza por parte das religões (e de certa forma, a natureza feminina), “O ano tem treze luas cheias, e as mulheres menstruam também treze vezes, então fez-se os anos com doze meses. Então fica naquela coisa de ‘esse ano fevereiro tem 28 ou 29 dias?’. Você sempre acaba precisando calcular e se complicar, por que não ter 13 meses com 28 dias? É essa teimosia das religiões organizadas de ‘Ok, nos controlamos, não somos parte da natureza, somos cristãos.’ Cristãos, judeus, muçulmanos, qualquer tipo! (...)Vivo num flat em NY e no prédio não há 13º andar! Daí me pergunto, eles estão com tanto medo da natureza assim?! Sexta-feira Treze e a natureza vira um filme de terror, parece! Essa música é basicamente sobre a mãe natureza acordando e indo com um giz riscar em todos os prédios o 14º e colocar um 13º no lugar.” Ah! VbV usa um sample de “Hunter Vessel” do álbum Drawing Restraint 9, antecedente de Volta.
Inspirada por uma personagem de “O Labirinto de Pan” e isolada por uma pneumonia que durou duas semanas, Björk escreve uma melodia auto-reflexiva, de Björk para Björk, sobre o isolamento que ela se submeteu algumas vezes (incluindo o causado pela doença), sobre “todos os momentos em que devia ter abraçado / todos os momentos em que não devia ter se fechado”. Música construída apenas com trompas (foto), lenta, voz se sobrepondo ao metal. Melancólica e lapidada.
Björk entra num ramo não muito explorado em suas músicas, o de cunho sócio-político. Hope trata de balançar diferentes tipos de ‘males’ relacionados ao terrorismo. Ponderando entre mulheres bombas grávidas e não grávidas. Música que gerou um pouco de polêmica no fórum oficial (4um.bjork.com) devido ao tema. Aqui vemos, ao invés de uma orientalidade já vista em I See Who You Are, uma ‘africanidade’, o kora, um instrumento de 21 cordas bem típico do oeste africano, tocado, no álbum, por Toumani Diabaté (foto).
Música com sonoridade semelhante a essa só tivemos em 1997, com Pluto, em Homogenic. Agora Björk nos dá um griteiro só, eletrônica pesada clamando por independência! Feita em dedicação aos habitantes das Ilhas Feroé, pois o país está como colônia ainda! Björk disse que essa música tem dois sentidos, o social e o cômico, social ao que tange pátrias, descolonização, e cômico quando alguém decide “declarar independência” própria, por que, imaginem gritar “DECLARE INDEPENDENCE! DON’T LET THEM DO THAT TO YOU!” é um tanto radical para declarar emancipação pessoal. Foi escolhida como single subseqüente a Innocence.
O segundo dueto de Björk com Antony, música bem calma dedicada ao filho de Björk. Porém, com umas das letras mais passionais que já ouvi, facilmente se encaixa em corações apaixonados! Fechamento muito bonito do álbum, com uma linha musical bem simples e as vozes de B e Antony, novamente, quase uníssonas!
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